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domingo, 29 de março de 2015

Corpo de pedreiro é resgatado


O corpo do pedreiro Kleberson Nascimento, 37 anos, que ficou preso em uma tubulação de drenagem em Mãe Luiza por sete dias, foi sepultado neste sábado (28), no cemitério do Bom Pastor II. Morador do bairro na zona Leste de Natal, Kleberson foi sugado pela tubulação no dia 21 de março, durante as fortes chuvas que atingiram a capital. O resgate do corpo, porém, só foi concluído às 3h30 deste sábado, após a desobstrução do poço de visita (PV) 5. De acordo com a Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semov), um levantamento será feito a partir de segunda para redefinir o cronograma da obra. Kleberson Nascimento morava em um imóvel na rua Saquarema, próximo ao local do ocorrido. Apelidado como “Neném” na comunidade, era conhecido por sempre ajudar os outros. Por volta do meio-dia do dia 21 de março, as chuvas formaram um alagamento na rua Atalaia. Com a ajuda de outro rapaz, Kleberson tentava desobstruir o sistema de drenagem quando foi sugado para dentro da tubulação. Segundo a família, o laudo expedido pelo Instituto Técnico da Polícia Civil do Rio Grande do Norte (ITEP) aponta que a causa da morte foi traumatismo craniano. Ele teria batido a cabeça logo após ser sugado. Durante sete dias, equipes da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) e da empresa contratada para recuperar a encosta de Mãe Luiza, Tecnopar Engenharia. A maior dificuldade, segundo as equipes, foi descobrir a localização do corpo, o que só aconteceu na última sexta-feira (27), por volta das 19h. A partir daí, iniciou-se o trabalho de remoção, que demorou mais oito horas. Apesar de já estar em fase de decomposição, o corpo do pedreiro foi retirado sem danos e entregue ao ITEP. De acordo com o coordenador da Defesa Civil municipal, Eugênio Soares, foram utilizadas soldas de ferro para retirar o corpo. “A última tentativa foi a que deu certo. O engenheiro da prefeitura viu que ao lado da tubulação existia uma emenda construída pela empresa que diminuía o diâmetro. O que fizemos foi quebrar a lateral, cerrar a tubulação e, com uma catraca de reboque, deslocar o suficiente para retirar a emenda. Com isso voltamos a ter o diâmetro do tubo. Laçamos o copo pelos pés e conseguimos puxá-lo”, explicou Soares. Bombeiros desceram por escadas para dentro do PV e localizaram o corpo, que foi protegido por um saco e içado. A emenda é uma estrutura de concreto construída pela empresa responsável pela recuperação definitiva da encosta de Mãe Luíza durante a semana, com o objetivo de evitar o desmoronamento da área. Segundo o engenheiro da obra pela Semov, Gualter Sá, o resgate não trouxe nenhum dano às tubulações de drenagem, e a encosta está segura. Não há probabilidade de desmoronamento em caso de chuvas durante o final de semana. Ainda na manhã de ontem (28), equipes da empresa Tecnopav Engenharia retomaram o trabalho para aterrar a cratera. “Toda a tubulação de drenagem está funcionando, a obra está segura no sentido de engenharia. O que fizemos foi apenas quebrar a parede do PV. Sobre a recuperação, vamos nos sentar na segunda-feira para fazer os novos prazos, para saber o que mudou”, informou o engenheiro Gualter Sá. Ainda de acordo com a Semov, a tubulação de drenagem era recuperada à medida que escavações eram feitas pela empresa. Cronologia 14 de Junho de 2014 Parte da encosta do bairro Mãe Luiza, na zona leste de Natal, é destruída pelas fortes precipitações que caíram na capital. Drenagem provisória é iniciada nas ruas Guanabara e Atalaia um mês depois. Março de 2015 Sábado (21): Na tentativa de tirar o lixo que obstruía a tubulação provisória da rua rua Atalaia, Kleberson foi sugado. Equipes dos bombeiros chegam ao local por volta do meio dia. São iniciadas as buscas pelo corpo do pedreiro Domingo (22) Buscas foram retomadas, mas o mau tempo interrompeu o trabalho Segunda-feira (23) Escavações com retroescavadeira foram retomadas. Com a chuva, serviço foi suspenso Terça-feira (24) O tempo ajudou e as escavações avançaram na área mais próxima da rua Guanabara Quarta-feira (25) Começa escavação manual para construir shaft e ter acesso à boca do Poço de Visita 4 Quinta-feira (26) Bombeiro entra no PV 4 pelo shaft, percorreu o duto até o PV5, sem localizar o corpo. Hipótese é que ele esteja na tubulação mais estreita entre a Guanabara e a Atalaia. Hidrojato lança água para desobstruir o duto e lançar o corpo. São descobertos indícios da localização Sexta-feira (27) Estratégia do hidrojato é descartada, visto que Bombeiros não possuem traje especial que evite contaminação. É iniciada a escavação manual para o PV 5. Corpo é encontrado às 19h Sábado (28) Corpo é retirado durante a madrugada, por volta das 3h30, e liberado para o ITEP. Sepultamento aconteceu no final da manhã Área da cratera aterrada foi parcialmente revirada Durante a operação de busca e resgate do corpo do pedreiro Kleberson Nascimento, toda área da encosta entre a rua Atalaia e a Avenida Sílvio Pedroza foi revirada. As escavações, inicialmente feitas por retroescavadeiras, foram feitas nos quatro poços de visita da obra. Entretanto, o PV 5 começou a ser verificado por meio de escavação manual, devido à instabilidade do terreno. Na sexta-feira (27), sétimo dia de buscas, a área da cratera de Mãe Luiza, anteriormente aterrada, estava parcialmente descoberta. Inicialmente, o acesso ao PV-5 se ria feito por mergulhadores a partir do PV-4, mas a ausência de traje especial que evitasse a contaminação impossibilitou a ação. No meio da tarde da sexta-feira, como a tampa de acesso ao quinto poço foi localizada, os bombeiros reforçaram o jateamento de água por esse acesso e, por volta das 19h, visualizaram o corpo. “O ruim de todo o processo foi o acesso, os bombeiros tiveram um trabalho muito cansativo”, comentou o engenheiro da obra pela Semov, Glauber Sá.

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